Acho que não preciso falar muito na história de hoje, já que
o texto ficou bem completo.
Mais uma vez a história é sobre orientação sexual, e nela
Gabriel, que também é blogueiro (Para ver seu blog, clique aqui), conta como
foi essa fase de aceitação e os preconceitos que sofreu. Achei demais a
história dele, espero que vocês também gostem.
“Talvez uma das coisas mais malucas da vida é o fato de você
ter que se assumir para alguém algo que você é. Eu comparo isso a um louco em
um hospício dizendo que não é louco, talvez ele seja, talvez não, mas fato é
que as pessoas, muitas das vezes também não se importam com as vontades dele e
muito menos o que ele pensa em relação à absolutamente tudo, afinal, ele é
louco.
Sei que isso parece pesado ou extremamente diferente para os
outros, mas foi isso que vivi por muito tempo. Desde pequeno me sentia diferente
dos demais, enquanto a galera gostava de ir para a educação física eu gostava
de ler, escrever, fazer contas, descobrir coisas. Não tinha computador, mas era
fascinado por isso aqui, sabia que ele poderia me levar a lugares que eu nunca
pensei ir, gostava de ver como as coisas eram feitas, de pintar, de realmente
ir na contramão de todos, não porque eu queria, mas porque eu era realmente
assim, era confuso ser diferente da galera, ser mais atencioso dos que os
outros guris, gostar dos detalhes das coisas, dos pequenos insetos, de não ter
nojo de algumas coisas, era realmente uma pessoa "normal" em um
espécie de hospício.
Durante a minha infância pouco se ouvia falar sobre sexo e
muito menos sobre sexualidade, era quase um pecado falar sobre isso, mas eu,
curioso e corajoso que era, nunca tive medo de falar e de descobrir sobre isso.
Um dia, assistindo a tão proibida MTV Brasil, vi dois rapazes dando um famoso
"selinho", algo considerado para adultos, fiquei com aquela cena
durante semanas na minha mente, vi aquilo como a resposta de algo que eu me
perguntava há tempos. A vida seguiu e eu esqueci aquela cena, mas ela sempre
vinha à tona quando eu via um menininho lindo, eu queria beijá-lo, eu queria
andar de mãos dadas, entregar-lhe flores, chocolates, mas isso nunca aconteceu,
sim, minha vida amorosa nunca é correspondida, mas isso é história para outra
escrita. Um dia me deparei com o famoso bullying, algo que ninguém conhecia na
época nem era tão conhecido, as pessoas pouco falavam sobre isso, era coisa de
criança fraca, eu tinha que ser forte, mas na verdade eu nunca me importei com
isso, até o dia em que um guri disse:
HEY GABRIEL, SUA BICHA!
Eu olhei assustado e simplesmente sorri, na inocência de
criança. Depois daquilo era bastante comum vir alguém pedindo para eu falar
chiclete, andar, gritar, dizer “ai” e coisas do tipo, mas eu realmente não
entendia e ficava de boa, até quando comecei a reparar que a galera fazia isso
para rir de mim, rir de uma pessoa que não sabia o que estava acontecendo.
Cheguei em casa naquele dia, joguei a minha mochila no chão,
coisas rara, já que minha mãe dizia que mochila no chão é sinônimo de
aprendizado de nível baixo, parado em frente a ela disse:
SOU BICHA! EU FALO CHI-CLE-TE! QUERO UM ARQUINHO IGUAL DA
MARINA! JÁ!
Ela me olhou assustada e disse que não era para eu dizer
aquilo que não era algo bom, eu a indaguei sobre aquilo e ela disse que
simplesmente não era correto e já era.
O tempo passou, eu entendi que bicha na linguagem “heteronormativa”
e machista é algo ruim, que tem referência à algo ruim, agora o porque, não sei
até hoje!
Sofri mais bullying, um dos mais pesados. Fui trancado no
banheiro, empurrado da escada, excluído só por ser gay, levei pedradas,
ameaças, cheguei a correr para não apanhar, mas aprendi algo mais importante
ainda, aprendi que não é pelo fato de eu ser gay que as pessoas iriam pisar em
mim, que elas iriam me excluir ou me bater, sou ser humano igual a elas e
mereço respeito.
Cresci, aprendi a me defender, moralmente e fisicamente,
aprendi MMA e aprendi sobre a causa LGBT e não me sinto melhor nem pior que
ninguém, apenas um ser iluminado que aprendeu com as coisas ruins da vida. Até
o momento não foram só momentos ruins, foram momentos bons e legais, fiz
amizades que levo até hoje, tanto na escola quanto fora dela.”
Boa tarde !
ResponderExcluirAdorei temos que ser o que somos e não o que os outros querem .
Bjs
É isso aí, Adriana. Obrigado pela visita, um beijão. <3
Excluir