07/01/2017

Meu cabelo é do jeito que é - E daí?


  Essa é a primeira postagem do projeto "E daí?" Será sobre a aceitação dos cabelos cacheados, é que mesmo em um país tão diversificado ainda existe muito preconceito com cachos.

  Contarei um pouco da história de duas garotas super legais, que aceitaram participar do projeto.
  Ah, e antes de começar queria agradecer a todos os leitores que estão enviando suas histórias, vocês são demais.

  Sempre ouvi a frase: "Nossa, que cabelo bom!" Só que ela sempre era direcionada a pessoas com cabelos lisos, daí me perguntava se cabelo crespo ou cacheado, poderiam receber o adjetivo "bom" Mas existe esse adjetivo para cabelo, já que existe várias cores, texturas e formas? Quem diz o que é bom ou ruim? Quem disse que cabelo bom, é o liso?    

  Esta é a Meire, ou como ela prefere: "Morena"

  "Sempre sofri preconceito e bullying, mas em nada isso me afetou, a não ser o motivo de não gostar do meu cabelo, eles sempre falavam que era cabelo de bruxa, de vassoura, cabelo duro, e outros nomes, minhas amigas sempre tinham o cabelo bom, sempre soltava e sempre fazia questão de mostrar que elas eram superior por serem lindas da forma que eram, meu cabelo só vivia preso fazia uma popa e quando ia lavar eu ficava com tanta raiva dele que se eu pudesse colocava fogo pra nascer um melhor, mas não podia, tinha que aceitar."

  Quando a gente não está satisfeito com alguma característica existente em nós, a gente sempre tenta mudar, mas será que vale a pena mudar para agradar aos outros? Mudar para se encaixar em um grupo ou padrão de beleza imposto pelas pessoas?

  "Então passei a usar químicas para ver se melhorava. Sim, ficava bom, mas não ficava liso e isso me deixava chateada. Tentei o relaxamento, todo mundo até meus pais incentivando: “É melhor um cabelo liso que desse jeito”.
   Então fui pra um salão e usei um produto que ardeu  e queimou meu coro cabeludo todo, ficou horrível, tive que fazer um tratamento para as feridas com pomadas e muito cuidado para não infeccionar, então relaxamento não podia usar mais.
   Eu chorei fiquei com raiva. O que eu poderia fazer o que com essa “juba”?
  Se cortasse ficava feio, tinha que usar sempre amarrado e ainda ouvir as pessoas comentarem que era “ruim” cabelo “duro”.

  Enfim... Passado algum tempo quando fui pra uma comunidade religiosa em uma apresentação onde todas tinham que soltar o cabelo, e eu não podia soltar o meu por que era feio, era volumoso, era “inchado” daí cortei e deixei bem curto, foi onde comecei a sentir um amor pequeno, mas já era alguma coisa, passei a manter ele sempre pequeno, sempre curto assim podia usar umas presilhas e disfarçar um pouco, mas o problema era quando eu  penteava, adotei o lema: “não quero nenhum fio fora do lugar” tinha que estar impecável, sempre arrumado e os cachos no lugar certo, não permitia ninguém chegar perto do meu cabelo, só em pensar em pegar eu já repreendia e quando alguém acariciava eu ficava com tanta raiva, porque aquilo bagunçava e eu não gostava de cabelo bagunçado.

  Sai da comunidade e deixei crescer apenas por experiência, queria saber como ficava, já que eu tinha adotado uma forma de usar, então queria ver ele no tamanho de antes, e foi nesse momento que comecei a olhar com olhos diferentes. Quando meu pai dizia para alisar, eu já conseguia responder, medida que ele foi crescendo fui fazendo novas experiências amarrando de um jeito de outro que não, que queria meus cachos naturais.
  Já era um bom começo. À, mas com o mesmo lema: “nenhum fio fora do lugar” e ninguém podia mexer até o vento me dava raiva por que bagunçava e muito.

  Hoje aprendi a amar meu cabelo e meu lema mudou, agora é “quanto mais volume melhor”. Além de amar meu cabelo aprendi a me amar também, todos temos nossas diferenças mas todos nós temos algo muito especial e é isso que devemos mostrar.  Sempre me achei feia, isso ficou no passado, não estou nos padrões de beleza da sociedade, mas estou nos padrões de Deus, tenho minhas qualidades e isso me deixa feliz e principalmente livre para ser quem eu sou de verdade, e fazer o que quero sem 
me preocupar com a opinião dos outros".

  
  Esta é a Fabiana e a sua sobrinha a Maria Eduarda.

   As duas tem cabelos cabelos cacheados, mas a Fabiana só assumiu seus cachos, por incentivo da Maria Eduarda.

  "Depois de ver minha sobrinha mais nova chorar porque queria muito doar o cabelo para crianças com câncer, passei a valorizar a minha natureza e decidi deixa-los cacheados de vez.

  Ela me motivou a gostar do meu cabelo. Foi muito comovente vê-la tão nova com um ato de caridade, de se compadecer da dor do outro...
  Ainda hoje ela tem esse forte desejo de doar o cabelo, mas ainda não está no comprimento ideal, daí estamos esperando o dela crescer para juntas fazermos a doação".

  Espero que tenham gostado das histórias e que sirvam de inspiração. Amanhã postarei outra história, provavelmente com um novo tema. 







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