Conheço várias pessoas que sofrem preconceito por estarem acima do peso. Mas existe um padrão e uma escala que diz qual o peso que você deve ter para ser bonito(a)? E quem disse que somente pessoas magras são bonitas?
A responsável por quebrar essa ideia é a Priscila.
"Meu nome é Priscila, tenho 36 anos e nunca fui magrinha... Achava-me com corpo normal na infância, mas como ouvia quer era gorda aceitei... Com 14 anos “a gorda” pesou na minha vida. Diante de brincadeiras que começavam em casa e me constrangiam.
Eu era alta perto das minhas amigas e com mais forma de
mulher... Mas as brincadeiras se tornaram tão constantes que isso me fazia
muito mal. Chorei bastante, mas comecei a me auto sabotar. Ao invés das pessoas
fazerem as piadas eu mesma fazia. Isso parecia dar certo, mas sinceramente n me
fazia bem.
Mas cresci até que levando na esportiva. Sempre fui bem
enturmada... Ser gordinha não me impedia muito... Mas eu não me conscientizava
e me aceitava... Eu camuflava.
Aos 19 anos engravidei, e por motivos de uso de
medicamentos. Engordei mais... Cheguei a 133 quilos... Digamos que minha autoestima
que já não era segura, caiu por terra.
Passei a usar roupas muito largas, relaxei.
Foi uma fase de muitas mudanças em minha vida e embora fosse
desconfortante eu procurava ignorar.
Tinha ao meu lado uma pessoa que nunca se queixou das minhas
formas e isso me dava alguma segurança."
Eu lembro que na infância era bem natural fazermos piadas das pessoas e rir de alguma característica que elas possuíam, era normal fazermos piadas, principalmente os meninos, das meninas mais gordinhas, parece que a gente não tinha muita noção de que aquilo entristecia as pessoas.
Perdi um pouco do peso, retomei algumas vaidades... Mas 8
anos depois da minha gravidez eu passei por uma ruptura muito grande. O
Divórcio. E a única pessoa que me dava segurança para ser eu mesma já não
existia.
Vi ali que eu fazia tudo errado. Depositava tida minha
segurança nele. Culpei o fato de ser gorda o responsável pelo fim do casamento,
mas percebi que não tinha nada a ver... Comecei ler, pesquisar sobre gordinhas.
E uma vez li, não lembro onde, que eu deveria amar a pessoa
que eu me permitia ser. Então se eu não me amava deveria procurar ser!
Bom, fui cuidar da saúde e da mente. Perdi um pouco de peso
para ter saúde e fui fazer terapia. Descobri que me amava e isso me fazia
bem... E amava a mulher que era.
No inicio de 2016 através de uma amiga conheci o universo
Plus Size da Moda.
E foi engraçado, cheguei lá amando a gorda que era, e ouvi
coisas como: “Você não é gorda como eu queria, mas você é a que preciso!”
Foi assim que virei Modelo Plus Size... Foram desfiles,
fotos, ações, workshops...
Não ganhei dinheiro
com a carreira, não como algumas pessoas pensam...
Mas esse universo foi a porta para eu descobrir um universo
de tantas outras “Priscilas”. E elas são muitas e estavam as vezes ao meu lado
e eu não via.
Aprendi com mulheres que se encontraram o que é ser bonita,
o que é empoderar da minha essência, e o que realmente são valores.
Hoje, quando me olho no espelho, não deixei de ver minhas
gordurinhas a mais, ou as estrias que ganhei. Percebi que estes fazem parte do
desenho da minha beleza e ela é única!
Em um Workshop de
Dança no Salto. Alto que faço parte, o Salti Dance Plus Size, conheci duas
irmãs que vieram fazer o curso e estavam como eu a nove anos atrás no período
do divorcio. E uma delas depois de conversarmos me disse que eu não sabia o bem
que tinha feito a ela... E agradeceu por eu repartir e mostrar esse outro
lado... Que me admirava... E eu me perguntei: “Mas quem sou eu?”
E pensando sobre isso entendi sou Modelo Plus Size... Sou
Gorda sim, não me referindo a fotos e passarelas... Sou a representatividade de
um grupo da sociedade. De uma parcela das mulheres que são gordas e lindas, cada
uma do seu modo.
Essas fotos foram de 2011 e 2015, respectivamente.
Espero que tenham gostado e amanhã tem mais uma história.
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